top of page

Paralisação na saúde contribuiu com 1 ponto de perda no PIB, aponta FGV

14/08/2020
IMAGEM 9.jpg

Levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, durante o auge da pandemia, as atividades de saúde pública e privada, em conjunto, contribuíram com 1,0 ponto percentual negativo para queda de 7% do PIB projetada pela FGV no quadrimestre de fevereiro a maio, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O setor de saúde, tanto na parte de consultas quanto na de internações, mostrou-se praticamente paralisado, com pacientes adiando consultas e cirurgias não urgentes, por medo de contaminação por covid-19, explicou Juliana Trece, economista da FGV e uma das responsáveis pelo estudo divulgado ao Valor.

 

“Foi como se as pessoas só estivessem indo aos hospitais em caso de última necessidade. Foi uma ‘parada’ [na atividade]”, reconheceu ela.

  

A economia da saúde tem peso relativamente pequeno na composição do PIB. De acordo com estudo de Juliana, em parceria com os economistas Claudio Considera e Elisa Andrade, as atividades de saúde pública e privada, em conjunto, representavam 4,3% da atividade econômica em 2017, segundo as Contas Nacionais do IBGE daquele ano.

 

Ambas compõem o setor de serviços do PIB. Na desagregação da economia por 12 grandes atividades, a saúde pública representava 13% da Administração Pública, enquanto saúde privada tinha fatia de 15,1% em Outros Serviços.

 

A forte contribuição de saúde para a queda da economia no período, mesmo com peso pequeno no PIB, tem a ver com a profundidade da retração do setor, no quadrimestre até maio. Cálculos da FGV apontam recuo de 15% no valor adicionado da saúde pública à economia, e queda de 22,9% no valor adicionado de saúde privada, de fevereiro a maio deste ano ante igual período no ano passado.

 

Ao se separar a atividade saúde em pública e privada, o tombo da iniciativa privada foi maior. Do total da contribuição negativa de 1 ponto percentual para a queda de 7% na economia, no quadrimestre até maio ante igual período em 2019, a saúde privada respondeu por 0,7 ponto percentual negativo - e a saúde pública, por 0,3 ponto percentual.

 

 

“Podemos dizer que atingiu bastante os dois setores da saúde, tanto público quanto privado. Mas o que determina essa diferença [na intensidade da queda] é que é mais comum, na saúde pública, se acessar serviços em nível de urgência”, disse ela. Em contrapartida, há frequência maior de consultas de rotina na saúde privada, do que na saúde pública - que foram adiadas ou suspensas em meio à pandemia. A técnica notou que, em uma pandemia, o último lugar que um paciente quer estar é em hospital ou consultório, com concentração maior de doentes.

 

A pesquisa detalhou ainda as quedas, nas atividades de saúde pública e privada, em abril - considerado o “fundo do poço” da economia da crise originada por covid-19. Somente em abril, ante igual mês em 2019, a atividade de saúde pública caiu 24,6%, com recuos de 30% na produção ambulatorial (consultas basicamente); e de 18,8% na produção hospitalar (internação). Já a atividade de saúde privada caiu 40%, com retrações de 54,2% na produção ambulatorial; e de 23,1% na produção hospitalar.

 

Como não há data certa para vacina, a expectativa da economista é que as atividades de saúde continuem a contribuir negativamente para o PIB, ao longo de 2020. “Ainda há incerteza grande em relação ao avanço da doença” admitiu.

 

No entanto, comentou que, a partir do momento em que houver vacina, as atividades podem mostrar recuperação rápida - com pacientes mais seguros em realizar consultas e cirurgias não urgentes, notou ela.

 

Fonte: Valor Econômico

arte10bra-202-saude-a2.jpg
bottom of page